29 de março de 2024

Brasil precisa enfrentar evasão e desafios da covid-19 na educação, diz OCDE

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Relatório elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e divulgado nesta 4ª feira (30.jun.2021) afirma que a evasão escolar e a pandemia de covid-19 são os principais desafios para que o Brasil retome os avanços na educação.

Segundo a organização, evoluir os níveis de escolaridade e aprendizagem serão iniciativas vitais para que o país se junte a outras economias mais avançadas.

“Mesmo antes da crise da covid-19, o crescimento econômico e a redução da desigualdade que o Brasil alcançou, nas últimas décadas, haviam estagnado e retrocedido. Nesse contexto, a pandemia aprofundou a recessão econômica e atingiu com mais força os menos capazes de superar a crise, exacerbando as desigualdades que ainda colocam o Brasil entre os países mais desiguais do mundo”, diz o texto.

A desigualdade, segundo o relatório, continua “grande” e teve suas “lacunas” ampliadas pelas restrições impostas a comércios, indústrias e escolas por conta da pandemia do coronavírus.

“As recentes recessões econômicas reverteram muito do progresso em mobilidade social e igualdade, que ocorreu nos anos 2000: 20% da população vivia abaixo da linha da pobreza, em 2018, contra 18%, em 2014”, destaca.

“A OCDE reforça que o momento atual é de mitigar os efeitos imediatos do prolongado período de fechamento das escolas e, em paralelo, retomar a visão de médio e longo prazos para as políticas educacionais do país. E para avançarmos nesses 2 caminhos, o relatório traz análises detalhadas e recomendações específicas, algo razoavelmente inédito nas publicações da OCDE para o Brasil”, afirma a presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

Também é citado pelo documento a necessidade de expansão em cursos pós-secundários, visando a maior inclusão dos alunos no mercado de trabalho com um conjunto mais amplo de “habilidades práticas e profissionais”.

A OCDE elenca também as 10 principais prioridades e recomendações para as políticas educacionais brasileiras. Leia:

  • proteger os gastos e vinculá-los aos resultados;
  • reavaliar as prioridades de gastos;
  • oferecer apoio imediato para mitigar o impacto da crise da covid-19;
  • desenvolver e fortalecer a profissão docente;
  • aprimorar as práticas de ensino;
  • Superar os desafios no clima escolar, que muitas vezes é fraco e prejudica a aprendizagem;
  • desenvolver uma gestão escolar profissional, expandindo os programas de formação, e focando não apenas a administração escolar, mas também a liderança pedagógica;
  • aumentar a relevância da educação para os alunos;
  • Intervir desde cedo para apoiar os alunos em risco e combater a evasão;
  • direcionar recursos para regiões, escolas e alunos com as maiores necessidades.

Os documentos destacam o Fundeb como um programa bem sucedido para “diminuir as grandes disparidades no financiamento educacional entre os entes federados”.

“O Brasil obteve muitas conquistas no campo da educação nas últimas décadas e suas políticas públicas foram exemplo para outras economias emergentes. Porém, nossas taxas de realização do ensino médio e superior são insuficientes comparadas a outros países e metade dos jovens de 15 anos não têm nível básico de proficiência em leitura, segundo o Pisa. O aperfeiçoamento, continuidade e investimentos em políticas públicas são urgentes para oferecer qualidade e equidade aos estudantes brasileiros”, diz a superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann.

O relatório será lançado em webinário às 11h desta 4ª feira (30.jun). Participam: Andreas Schleicher (OCDE), Priscila Cruz (Todos Pela Educação), Angela Dannemann (Itaú Social) e Maria Helena Guimarães de Castro (Conselho Nacional de Educação).


Rafael Barbosa

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