24 de abril de 2024

Em Pernambuco, João Campos resiste a aliança com PT; enquanto Geraldo Julio tem postura mais pragmática

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Com a volta do ex-presidente Lula à corrida presidencial, uma ala do PSB voltou a discutir a possibilidade de retomar a aliança com os petistas em 2022. Em Pernambuco, a maior resistência a um entendimento deve partir do prefeito do Recife, João Campos, que tem sido apontado como um forte articulador para que o PSB tenha autonomia e se distancie cada vez mais do PT.

Desde as eleições municipais, ao enfrentar a deputada federal Marília Arraes (PT), levando a disputa até o segundo turno, Campos não poupou críticas ao Partido dos Trabalhadores, cortando inclusive, a possibilidade de ter indicações políticas da legenda petista em sua gestão.

Por outro lado, essa postura mais resistente a uma aliança com o PT, tanto a nível nacional quanto local, adotada pelo filho do ex-governador Eduardo Campos, não tem sido compatível com os movimentos feitos pela Executiva Nacional. Nos bastidores, os socialistas afirmam que a posição de João Campos é muito mais pessoal e compreensível por tudo que ele passou na campanha eleitoral de 2020. Ainda assim, não seria imutável. “O partido vem estreitando esse contato com o PT e não é algo apenas a nível nacional. Em Pernambuco, o relacionamento não foi rompido, muito pelo contrário”, afirma uma socialista, em reserva, se referindo a saída do partido da gestão estadual do PSB.

Inclusive, os socialistas avaliam que pelo perfil pragmático do ex-prefeito do Recife e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, se for colocado na balança que ter o PT no palanque contribuirá para que o PSB permaneça no comando do Estado, ele não hesitará em trabalhar para construir esse apoio. “Se mais na frente tiver um movimento demonstrando que o apoio do ex-presidente Lula, que está cada vez mais consolidado como candidato, de alguma forma ajudar o cenário em Pernambuco, certamente Geraldo vai se movimentar para construir esse caminho junto à Executiva Nacional”, afirma outro socialista, também em reserva. Geraldo tem sido o nome mais forte colocado pelo PSB para disputar a sucessão do Governo do Estado, mas no momento não deverá tomar nenhum posicionamento extremo que possa provocar qualquer tipo de tensionamento dentro do partido.

Nenhuma hipótese tem sido descartada, seja ela caminhar ao lado do presidenciável Ciro Gomes (PDT), pelo fortalecimento do campo progressista como alternativa à polarização entre o Lula e Bolsonaro, seja formar uma aliança com o líder petista, ou até mesmo lançar uma candidatura própria. “Não tem nada decidido, na política um ano é uma eternidade. Agora, sabemos do protagonismo que as regiões Norte e Nordeste possuem nessa equação”, afirmou um parlamentar. Ele também cita que diante desse protagonismo regional, também será pesado nesta balança para 2022, a possibilidade do PSB indicar um candidato à vice-presidente. Neste caso, o nome do governador Paulo Câmara continua sendo ventilado como forte opção.

FUTURO

Sobre o futuro do chefe do Executivo estadual, o caminho para o Senado Federal parecer ser o mais improvável, já que o PSB possui uma frente ampla com mais de 11 partidos, onde a habilidade política em torno da manutenção desse bloco será colocada à prova. Nomes como os dos deputados federais Eduardo da Fonte (PP), Silvio Costa Filho (Republicanos) e André de Paulo (PSD) já se colocam à mesa para pleitear a vaga na majoritária. Mas, há socialista que lembra que se o PT não for descartado nesse palanque, ele também entraria entre os cotados para a disputa ao Senado, que nesta eleição só terá a representação de uma cadeira.

Alguns correligionários acreditam que Paulo Câmara possa encerrar o mandato e retornar ao Tribunal de Contas em 2023. Outros, não descartam também que até abril ele possa se desincompatibilizar para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. “O fato dele não está sendo enfático nesse assunto, não significa que ele não possa concorrer às eleições”, declara um socialista.


Por Mirela Araújo/JC

 

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