25 de abril de 2024

O fator Tabata Amaral como obstáculo na federação entre PT e PSB

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Se há vozes públicas no PSB contra a formação da federação com o PT — vide a entrevista ao jornal O Globo do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, na semana passada —, existem também as forças silenciosas do partido operando para a ideia subir no telhado. Filiada à legenda desde setembro, a deputada Tabata Amaral (SP) mira 2024, ano de eleições municipais.

Caso PT e PSB fechem uma federação até 2 de abril, data-limite para a formalização da união, uma das regras a serem cumpridas será uma aliança em todos os 5.570 municípios brasileiros daqui a dois anos. O projeto de ser candidata à prefeita de São Paulo ficaria prejudicado, pois o PT jamais apoiaria Tabata no maior colégio eleitoral brasileiro.

Desde o fim do ano, o comportamento do prefeito do Recife e namorado de Tabata, João Campos (PSB), com relação ao tema federação passou a ser mais claudicante, o que dificulta a união nacional nesses termos. Não parece razoável imaginar o PSB apoiando outro candidato senão Lula (PT) em outubro, mas sem o apoio de Pernambuco, o principal polo de poder socialista, dificilmente sairá do papel o mecanismo da federação partidária, que pressupõe uma parceria engessada com o PT ao longo de quatro anos.

O casal João Campos e Tabata Amaral nunca foi afinado com o PT, ressalte-se. A deputada coleciona atritos com petistas, o último deles o episódio em que o ator José de Abreu compartilhou um tuíte de um perfil que dizia querer socar a parlamentar. “O PT ignora o machismo dependendo do agressor”, disse em entrevista à BBC, revoltada com a falta de solidariedade na esquerda. O filho de Eduardo Campos, hoje defensor do apoio à candidatura Lula, tinha outro plano em 2021. Seu objetivo era colocar de pé uma terceira via competitiva — conversas com o apresentador Luciano Huck foram realizadas, mas acabaram não indo adiante.

Os ruídos entre PT e PSB em Pernambuco, tão presentes na disputa entre João Campos e Marília Arraes em 2020, voltaram a ecoar esta semana com as afirmações do senador Humberto Costa de que será candidato à sucessão de Paulo Câmara no governo do estado. Como o ex-prefeito do Recife e hoje secretário estadual de Desenvolvimento, Geraldo Júlio, desistiu de concorrer, o petista vem se aproveitando do vácuo para promover a si próprio. Câmara promete escolher até o fim de janeiro entre os deputados federais Danilo Cabral ou Tadeu Alencar para a disputa. Será mais um estado (assim como São Paulo e Rio Grande do Sul) em que PT e PSB teimam em manter candidaturas, o que impossibilita a federação de partidos.

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